17 de abr. de 2007

Falece a inesquecível Nair Belo

À MORTE DE UMA DAMA

Sombras de um claro sol que me abrasava,
Cinzas de um doce fogo aonde ardia,
Ruínas de uma boca em que vivia,
Cadáver de uma vida que adorava,

Quem te trocou, senhora? O tempo estava
A teus pés, em teu rosto o sol nascia,
De tua vista se compunha o dia,
De tua ausência a noite se formava.

Pois como pôde o tempo pressuroso,
O dia breve, a noite fugitiva
Mudar um corpo e rosto tão fermoso?

Mas tanto sol e luz, tão excessiva
Ardendo de contínuo, era forçoso
Trocar-se em cinza morta a flama viva.


António Bacelar (1610 - 1663)

Aquele sorriso, aquela voz rouca, aquela paixão por atuar, por entreter. Nair foi um gênio da comédia, um primor em achar o timing certo, seja nos humorísticos ou nas novelas. Normalmente, era a melhor coisa do que fazia. E agora não está mais entre nós. Não está mais para brilhar, mas para ocultar os outros com lembranças eternas de sua força na interpretação, sua presença irresistível. A televisão aberta brasileira não é a mesma sem Nair Belo.

Eu estou de luto.

Um comentário:

Marco disse...

Eu estou de luto já faz 5 meses, desde quando ela se internou. É realmente triste que mais um grande ator esteja se despedindo depois dos ótimos Rogério Cardoso e Raul Cortez. Uma das minhas atrizes favoritas e, com a exceção de Fernanda Montenegro a melhor atriz brasileira veterana.

Uma perda insubstituível...