24 de abr. de 2007

Leão Lobo é ouro do lado do latão que é o programa da Sonia Abrão

Já me peguei muitas vezes assistindo ao programa vespertino da Sonia Abrão, o A Tarde é Sua (Rede TV), com o olho grudado na tela. Imediatamente, quando eu constatava o tempo perdido, mudava de canal ou desligava a tevê. Nas vezes em que eu via o programa “sóbrio”, eu tentava descobrir uma única coisa positiva naquilo tudo. Quando eu achava, o dia seguinte me fazia a questão de provar o contrário – que aquilo era negativo, e não bom. Não dá para aceitar o fato de uma mulher que vai ao trabalho para pegar cinco revistas e umas dez fotos da internet, e ficar supondo coisas como “Vocês estão vendo, essa não é a primeira foto da Íris com a Fani, em que as duas estão afastando as cabeças. Dá para ver que não são amigas de verdade!”. Esse vício que ela tem com o Big Brother é algo que ela até poderia ter, mas no lado íntimo. Ficar quatro horas por dia falando disso, até quando já acabou o programa, enquanto intercala a propaganda da Top Therm, do Cogumelo do Sol e as chamadas para o Menor Preço Único, é pedir para não ter audiência (ou o contrário, mas eu prefiro crer que não. :D).

E então eu mudo para a Bandeirantes, e vejo o programa do Leão Lobo, que é a mesma esquemática vazia, e sinto que ali, se o programa não chega a ser bom, ao menos consegue ser sólido, bem feitinho. Dá até um gosto de ver, por alguns minutos. Claro que, no branco-no-preto, tudo não passa de um homem lendo fichinhas com notícias mal redigidas, com algumas montagens feitas com um mosaico de imagens de arquivo, e as propagandas de iogurteira e Tek Pix. Mas vai comparar o De Olho nas Estrelas (o do Leão Lobo) com o A Tarde é Sua para ver: o primeiro é tem uma câmera que faz alguns planos não tão óbvios, enquanto o segundo só segue a apresentadora; o primeiro tem um visual bem colorido, que compõe um quadro bem interessante na tela, enquanto que o segundo é possivelmente mais feio que uma sala de estar da arquitetura brega-dourada da década de 70 (mas eu suspeito que Sonia acha interessante o próprio cenário. Ela se autoentitula crítica de tevê, e diariamente dá a entender que acha o estúdio de seu programa dono de um ‘conceito’ que supostamente seria “a continuação da casa da telespectadora”. Blergh).

O perigo que a danada da comparação oferece é esse: você julgar um programa pelo outro. Eu olho o da Sonia Abrão e vejo o nível de qualidade lá embaixo, quando eu passo para o Leão Lobo, notadamente melhor (mas nem tanto assim), a impressão que dá é a de que o programa deveria ser exemplo. Não deveria. Aliás, Leão é um crítico tão esperto (veja algumas resenhas no site dele) que deveria ajudar a construir algo mais criativo que uma cadeira e um bolo de fichinhas. Há uma idéia interessante ali, já vista antes, certamente, mas bem usada nesse caso, que é a intervenção de um som gravado para o que ele vai falar. Quando o apresentador está prestes a dizer alguma coisa “bombástica”, ele ri, põe a mão na boca, e o som de uma bomba e uma voz safadinha dizendo “Leão Lobo, Leão Lobo!” surge ao fundo. Uma conclusão se chega desses pequenos fatores, ou desse conjunto, do que representa um programa, ou novela, ou série, e a opinião surge pelo tempo, e muda com o tempo, também.

Eu mesmo me peguei pensando nisso nesses últimos dias. Por causa da Sociedade dos Blogs de Séries, eu estou anotando cada episódio de série que vejo, e dando uma nota para eles. Uma série, ou uma novela, vive da comparação, do “hoje foi melhor que ontem”, ou do “foi bom, mas a gente sabe que pode ser melhor pelo que já foi apresentado”. Exemplo: eu vi Lost ontem, e não gostei. Aliás, a temporada tem andado bem irregular. Dei nota 6,5 pro episódio. Mas e o conjunto até agora? Merecia 6,5? Não. Tenho quase certeza que se eu pegasse todas as notas que eu teria dado aos episódios exibidos até agora e fizesse uma média, não seria a nota que eu daria para tudo. Porque é o objetivo que importa, nesse caso, o aonde se chega com o meio do caminho. E eu não posso incluir o objetivo na nota de um episódio, porque ele é só uma peça do todo. Complicada, essa tarefa.

A grande certeza que eu tenho é a de que é melhor eu pegar uma série depois que ela terminou, e ver com a freqüência que eu quiser, num DVD. Seria mais fácil para pegar a idéia de tudo, e criar uma própria opinião, sem ter que mudar episódio após temporada, notícia e entrevista após notícia e entrevista. Pense, por exemplo, num diretor de cinema já falecido, e há um bom tempo. Hmm, vejamos, Hitchcock. Não é muito mais rico poder ter toda a filmografia dele nas mãos agora? Ver com o distanciamento, e com tudo em mãos, sem chance de algo novo surgir, criar um próprio conceito qualitativo? Tá, eu sei, Hitchcock, independente da época, é brilhante. Você me entendeu.

6 comentários:

Anônimo disse...

Vi um cara que foi no Pânico do rádio que imita ela. É hilário.

Chama "Tonia Abrão" e ele faz todas essas coisas que ela faz. Fica falando "aham" em cima do entrevistado, "bárbaro" quando ele fala alguma coisa de interessante e, claro, os merchans.

É muito bom.

Anônimo disse...

Opa Gustavo,

Realmente esses programas à tarde são um terror só. Não sei como ainda tem dona de casa que assite.

Bem, na verdade esse comentário não é a respeito da Sônia ou do Leão Lobo. Diz respeito sim às séries.

Por um acaso vc já assistiu ou pelo menos teve a curiosidade de assistir a série The 4400? Comecei a baixar os episódios na internet e não consegui parar.

Estou chegando ao último episódio da 3ª temporada e já estou meio que desesperado pq sei que a próxima temporada só no final de abril ou início de maio (realmente não sei quando começa).

Me viciei tanto nessa série que não sei como vou passar tanto tempo sem assisti-la (já que eu via 2 ou 3 episódios por dia). É daquele tipo que, ao terminar o episódio, vc fica desesperado pra baixar o outro.

Pra mim ela dá de 10 X 0 na série Heroes (se bem que nunca vi vc comentar a respeito dessa tb).

Bom, fica aqui minha indicação de série.

Gustavo Cruz disse...

Marcelo,

eu vi alguns episódios de The 4400, lá da primeira temporada, e gostei. Estou pensando em ver tudo, em DVD. E Heroes... bem, eu gostei dos dois primeiros episódios, e então a série foi piorando a tal modo que eu resolvi dar um tempo com ela. Vou retomar até o fim de maio, com certeza (pelo Emmy!), mas eu estava ficando realmente irritado com tudo dali que não dava para prosseguir.

Abração!

Anônimo disse...

Esses programas da TV aberta são de uma qualidade vergonhosa, aliás a maioria da programação dos canais livres é ruim demais. A única coisa boa na Sônia Abrão, pelo que vejo na foto acima, é o sofá.

Anônimo disse...

POR Q VC DEMORA TANTO P ATUALIZAR TEU BLOG?

Anônimo disse...

Pegue a frase do início desse post. Eu fazia exatamente isso com "Falando Francamente", o programa dela no SBT. Até ver que ela passava o tempo todo monitorando a "Casa dos Artistas 3".