7 de jun. de 2007

FAM - Dia 7: apenas os curtas

(Oficina Perdiz)

Não me culpem. Eu comecei a ver No a los papelones, o longa argentino desta quinta-feira, última noite competitiva do FAM (Florianópolis Audiovisual Mercosul), e estava adorando o tom absurdo, hilário, que parecia provir de um tipo de universo pararelo, a cabeça de seu diretor (Michael Moore e esse aqui tem semelhanças significantes). Documentário bacana até o ponto em que vi, e se lançar em DVD, vou terminar de ver (o tema é uma disputa entre população e indústria – a primeira não quer deixar a segunda construir uma sede que iria ser prejudicial ao meio ambiente da região). Só não vi até o fim porque minha companhia estava impaciente, e me obrigou a abandonar a sessão. É uma pena.

(Curiosidade: foi nesse mesmo festival, há alguns anos, que eu deixei, pela única vez na vida, uma sessão por vontade própria. Era um longa boliviano sobre periferia, sem pé nem cabeça, horrível.)

Os curtas da noite, eu os vi até o fim. Foi provavelmente a melhor noite de curtas (de cinco, três bons, dois ruins) do festival, ainda que o meu favorito do festival inteiro não tenha sido exibido hoje.

Oficina Perdiz, do Distrito Federal, inaugurou a sessão, e foi o que eu mais gostei dos cinco. É um documentário sobre um senhor que construiu uma oficina, e acabou cedendo o espaço para o teatro de improviso, chegando a lutar seriamente para que o lugar não fosse demolido pela prefeitura. O que é bom nesse aqui são os depoimentos, a edição, e o nulo esforço em fazer engraçada uma história que é bem séria, depois de tudo. Ainda assim, há uma ou outra piada espontânea, que em nada prejudica o ritmo. Bem bom, até tocante.

O seguinte foi, de São Paulo, Joyce, sobre o cotidiano de uma menina na cidade grande. É uma ficção, e há um elemento muito bom, que é a presença da irmã da protagonista, ainda mais nova que esta, e que por não ter relevância, apenas a função de segui-la aonde for, vira uma espécie de cachorro na coleira. Joyce, a irmã mais velha, mas ainda assim bem jovem, circula a cidade inteira, e ainda sente amor. Bom, bem realizado (muito bom o som do curta), só peca por não ter um contato mais íntimo com a protagonista. Eu sei que é trocadilho barato, mas tenho que dizer: o que falta em Joyce é mais de Joyce.

Cine Zé Sozinho (do Ceará) veio na seqüência, e esse é outro documentário muito bom, sobre um homem que administrava ele mesmo um cinema ambulante na parte miserável do nordeste brasileiro. Já conhecia a história, e o que documentário me proporcionou foi descobrir um pouco mais do homem (Zé Sozinho) por trás dos fatos. E ele tem bom humor, amor pela arte e é bem rico de espírito. Seria possível até fazer um longa com ele, suspeito. Bem editado, boa fotografia, e trilha sonora que faz a diferença sem chamar a atenção. É irresistível.

(Nesse curta, há um momento muito engraçado quando Zé Sozinho diz que seu público gostava de filmes com lutas, ação, e aqueles em que o tema era a vida de Jesus, obviamente, não tinham isso. Eis a solução que ele criou: cortar pedaços do rolo de westerns e colar em espaços das obras religiosas. Quando vemos a demonstração da criação genial, é impossível não cair na gargalhada.)

Overdose Digital foi o próximo, e eu achei bem ruim. É sobre drogas e a tara de um traficante. Há, aqui, um elenco que me lembrou de grupos de teatro amador em início dos trabalhos e uns diálogos que simplesmente não batem com os atores, ou a estética, ou a noção de tempo da trama. Aliás, falando em estética, talvez seja a primeira cena uma bem esperta evolução... estética. A tela é dividida em várias, e fica estática, apenas seguindo os personagens ou seus olhares quando preciso, mas nunca sumindo as divisões. Depois dessa cena, nada mais é aproveitável. E a pretensão de ser um Cidade de Deus em cinco minutos acaba irritando.

Augusto na praia, do Rio, foi o último, e é um projeto da Faculdade Estácio de Sá engajado em dar emprego aos seus recém-formados alunos do curso de Cinema. O curta aparenta ser isso mesmo: uma obra de alguém que acabou de se formar, ainda com muita teoria e idéias prontas na cabeça, mas sem frescor ou mesmo sentido (não estou generalizando, ok?, apenas relacionando uma coisa com a outra). Ah, é em preto e branco ainda, e a sensação é de que foi feito assim só pro personagem central (Augusto!) fumar e isso ficar bonito na tela. Talvez algum professor tenha comentado com os alunos no off-sala.

***

Amanhã acaba o FAM, com os resultados das mostras competitivas e a exibição de dois filmes numa única sessão: os nacionais Os 12 Trabalhos e Proibido Proibir. Se nada der errado, termino o meu diário amanhã.


4 comentários:

Anônimo disse...

Como é o teu nome mesmo garoto? Bem, pela falta de talento e fundamento para testemunhar algo que viu, é bem coerente o que você escreve. Rapaz, você não tem o menor talento pra escrever. É isso que dá garotos viciados em cinema americano de quinta categoria. Moço, cinema não é bife pra se gostar ou não gostar, entende? Vai estudar um pouco mais,ler monsieur Bazin, truffaut , Hitchcock , Glauber, Sergei Ensenstein, Murnau, etc...
É feio fazer comentários do trabalho dos outros da forma que vc faz. Vc não sabe escrever rapaz.
Leitura faz bem à arte da escrita. Aprenda a desenvolver um raciocínio. Seja menos frustado e mais cinéfilo, entende? É muita amargura e falta de talento como vc se refere às produções cinematográficas. Pq vc não vai escrever sobre video game?? Acho que lá, com certeza, vc se dará melhor.

Use melhor essa ferrmenta que a tecnologia nos deu, menino. Deixe de ser mimado e procure procure fazer link entre o belo e o prazeroso.

Boa sorte eoh, os clássicos são a base de tudo. Não deixe de vê-los e aprender a comentar com os amigos.

Anônimo disse...

NUNCA VI ALGO TÃO ESTUPIDO QUANTO ALGUÉM COMO VOCÊ DESRESPEITAR, SEM NEM SABER DE QUEM ESTÁ FALANDO, O SENHOR THOMAZ FARKAS.
CARA, ESSE BLOG TINHA QUE SAIR DO AR.

QUEM É VC PRA CHAMAR O FILME "PIXINGUINHA..." DE FILMINHO?

EU NÃO FIZ PARTE DO FILME, NÃO SE PREOCUPE. NÃO ESTOU DEFENDENDO PORQUE EU TRABALHEI NO PROJETO, E SIM, PQ RESPEITO AS PESSOAS.

NUNCA VI TANTA FALTA DE TALENTO E ARROGÂNCIA.
VA ESTUDAR MOLEQUE BURRO. ISSO QUE VC ESTÁ FAZENDO CHAMA-SE TERRORISMO CULTURAL.

AS PESSOAS MERECEM RESPEIT E CONSIDERAÇÃO. VÁ CRESCER E LER MAIS. VÁ RALAR NA VIDA. TIRE A BUNDA DA CEDEIRA E VÁ PRODUZIR, SEJA LÁ O QUE FOR QUE VC TENHA EM MENTE. MAS, ESTÁ PROVADO QUE VC NÃO TEM O MENOR TALENTO PRA ESCREVER. NÃO TEM BASE, ESTOFO, VIVÊNCIA.

PEGUE TUDO QUE HÁ DO BERGMAN E AÍ SIM, VC APRENDERÁ A RESPEITAR MAIS O SER HUMANO.

BOA TARDE E BOA LEITURA

Anônimo disse...

Inadmisible, imperdonable que su compañía lo haya obligado a dejar la sala cuando estaban dando la extraordinaria, inmejorable documental del genio Montes-Bradley. Epero no le falte oportunidad de remediar el hecho. Cordialmente, Eduardo Montes-Bradley

Anônimo disse...

Queridinho, eu te desafio a fazer um filme sequer em toda a sua vidinha medíocre de pseudo-crítico blogueiro que demonstre um terço da pureza fotográfica e clareza ambígua do filme "Augusto na Praia".
Se você não conhece o Ingmar Bergman, eu te indico que veja alguns filmes dele. Quem sabe assim você entende o que o p&b do Augusto pretende, com os PGs e tudo o mais. O cigarro é simplesmente um link, chuchu. Vá interpretar chulamente o cocozinho amarronzado da sua avó.
Beijinho, beijinho, tchau, tchau.