FAM - Dia 2: curtas + "Luz de Invierno", de Alejandro Arroz
(Foto: Luz de Invierno)
No segundo dia do Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM), a competição de vídeos digitais e curtas-metragens já começou. Este que vos escreve esteve presente apenas na exibição dos primeiros curtas do festival. Foram cinco.
O primeiro deles, Mataram meu gato, é carioca e fala da criação da escola de samba homônima e um pouco também da história da comunidade de Nova Holanda, que é de onde a escola vem. Pouco aplaudido, o curta é bom, bem editado, embora termine meio perdido e jornalístico demais. Na seqüência, veio Santa, o pior dos cinco exibidos. A produção é local (SC) e fala de uma mulher dividida entre dois amores. O curta não sabe exprimir direito as emoções da protagonista, e o acontecimento final é previsível. Elenco também não ajuda. O próximo exibido foi O Homem, do Distrito Federal, e o mais despretensioso dos cinco. É cotidiano, fala sobre corrupção policial, e tem lá um humor atual, embora o desfecho, infelizmente, seja forçado. Meu favorito foi o quarto exibido, Vida Maria, uma animação incrível sobre a vida de uma (e de muitas, ao mesmo tempo) mulher, desde os tempos de criança até a morte. Tocante e excepcionalmente bem realizada, a produção cearense deixa "cheiro de Oscar" no ar. Quem sabe ano que vem?
O último curta exibido merece até um parágrafo separado (certamente quem o fez deve querer assim). 14 Bis, sobre a história de Santos Dumont, é uma pretensiosa produção estrelada por um global (Daniel Oliveira) e um ator de destaque da Record, ex-global (Nicola Siri). Chato como só, a obra é recheada de franceses falando português, personagens que sentem emoções nas imagens, mas não tem alma, e, claro, takes grandiosos. É bonito de ver, mas irritante de se acompanhar. Foi o mais aplaudido.
OBS: Aqui está um trecho de Vida Maria no YouTube. É o único curta da mostra que eu encontrei disponível no site.
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Bem, terminada a sessão de curtas e o intervalo para votação (obviamente, eu fui de Vida Maria!), começou a exibição de Luz de Invierno, do argentino Alejandro Arroz. O diretor, produtor, roteirista e fotógrafo do filme, fez uma breve introdução, dizendo que a idéia era contar “os problemas do nordeste da Argentina”.
O filme, porém, não tem um pingo disso. É uma obra sobre o ser humano, as dificuldades e contornos que a vida o força a fazer. Há algo de Iñárritu (Babel, Amores Perros) aí, não só por causa do formato de três histórias independentes e interligadas pela narrativa, mas também pela estética. Os enquadramentos aqui são impecáveis, sensacionais mesmo, e a obra esteticamente flui bem.
É uma pena que o filme pregue uma melancolia desnecessária, uma sensação de mal estar que barra o filme de crescer. Diálogos aqui são medíocres, explicativos demais e sem um degrau de profundidade. Há piadinhas leves soltas aqui e ali que, por incrível que pareça, pesam o filme (deixa o resultado heterogêneo demais).
Não é de todo ruim, pelo contrário, visualmente é aproveitável. Só que a partir de um certo instante, cansa ver a lenga-lenga dos personagens.
(Várias pessoas saíram da sala durante a exibição do filme.)
3 comentários:
Vida Maria no orkut http://entreidegaiato.blogspot.com/2007/06/fam-dia-1-curtas-luz-de-invierno-de.html
Desculpe. Vida Maria no orkut.
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=31688239
Ola Gustavo!
Poxa! Obrigado pelos comentarios a respeito do Vida Maria! Foi uma pena não poder estar em Florianopolis... O FAM acontece no mesmo periodo que o CINE-CEARÁ e eu tinha que estar aqui para receber amigos e participar de debates e palestras!
Coisa boa ouvir que o filme foi bem recebido. É a primeira projeção na região sul. Visita o meu site, www.viacg.com , la vc. pode acompanhar o andamento do Vida Maria!
Um grande abraco e obrigado pelo "CHEIRO DE OSCAR NO AR" :)
Marcio Ramos
www.viacg.com
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