FAM - Dia 3: curtas + "Play", de Alicia Scherson
Começou lotada a mostra de curtas do Mercosul no terceiro dia do Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM), e os aplausos todos foram entusiasmados. Talvez este domingo tenha sido o dia mais freqüentado, e na sessão de filmes das 21h, ninguém saiu durante a exibição, coisa que em Cão sem dono e Luz de Invierno havia acontecido.
Bem, o saldo final da exibição dos curtas não foi muito positivo. O primeiro, 76/..., argentino, sobre a época da ditadura no país, é bem vazio, embora tenha uma fotografia bacana. Tema interessante, nhaca de resultado narrativo. O subseqüente foi Noite de sexta, manhã de sábado, curta pernambucano dirigido pelo editor do site Cinemascópio (link na coluna da direita), e que é muito especial. Preto e branco, conta a história de um casal que mora em países diferentes e tenta sentir a mesma sensação através do telefone (não é o que você está pensando). Honesto, bem realizado. Gostei, e ganhou meu voto. O próximo foi o mineiro O maior espetáculo da terra, um curta sobre um circo, mas que não quer chegar a lugar nenhum. Bonitinho, engraçadinho, mas o assustador é que o filme é esquecível ainda durante a própria exibição. Seguiu-se Dia de Folga, impressionante curta do Distrito Federal sobre um homem em dia de descanso num bar e a galinha que o rodeia. Imagens aqui são sensacionais, e a proposta absurda que ocorre em alguns momentos é divertidíssima. O último, A Domicílio, é gaúcho, e parte do princípio irreal de que estamos vendo o filme desde o início achando-o engraçado. Mas não é nem um pouco digno de risadas. Lembra uma versão empobrecida e duplicada em caricatura da bem-sucedida novela global Pé na Jaca.
E finalmente chegamos à sessão do longa chileno Play. Que tortura, sô! Há uns três anos, vi nesse mesmo festival um filme de mesma nacionalidade chamado Sexo com amor. Filme hilário, simpático, quase bom. Esse aqui tem resquícios do humor do outro, sendo chato quando se inclina a ser engraçado, sobre “relacionamentos amorosos em uma metrópole” (a representante da obra procurou classificar o filme de outra forma, não achou, e ficou com essa definição mesmo). Além do mais, não entendo o que uma obra como essa faz aqui. É o único chileno num festival que se propõe artístico, e não tem um único enquadramento esperto, um único diálogo bom, uma interpretação surpreendente ou coisa parecida. Parece-me o equivalente a mandar para um festival do exterior o Se eu fosse você, com Tony Ramos e Glória Pires, para mostrar o que o nosso cinema tem de melhor. Play é feito pra ganhar dinheiro, e não tem interesse em ser bom. Uma decepção.
Só uma adesão ao aqui dito nos últimos três dias: embora eu esteja me decepcionando com o que tenho visto no festival, acho louvável a evolução na projeção das obras em comparação com os últimos anos. A imagem melhorou, e isso deve-se à produção do festival. Muito, muito legal.
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