5 de jun. de 2007

FAM - Dia 4: curtas + "Detrás del sol, más cielo", de Gastón Gularte

Antes de começar o nosso diário do FAM (Florianópolis Audiovisual Mercosul), é bom deixar claro que a) eu obviamente gostaria de escrever mais sobre os filmes e curtas que passam por aqui e b) só que eu não vou escrever uma coisa que ninguém vai ler, portanto c) é melhor escrever pouco e torcer para que leiam e os que se interessarem, corram para ver os curtas e filmes e me perguntem o que for da vossa vontade.

Dito isto, é bom dizer também que o quarto dia do festival foi bem fraco. Um único curta bom, e o longa da noite bem razoável. Enfim, acontece (vem acontecendo...).

Foram quatro ao invés dos tradicionais cinco curtas da noite. O primeiro, O Quintal dos Guerrilheiros, de São Paulo, fala de ditadura militar no Brasil. Tem no elenco Caio Blat, e um roteiro cheiro de referências (veja o curta se for seu interesse aprender a falar "O Encouraçado Potemkin" como se deve), e uma fotografia coloridérrima bacana. Infelizmente, não tem tom próprio, e termina mal (não era melhor só viver o momento?).

Os dois seguintes, Super Herói Fora de Série e Memórias de um editor de passos, ambos paulistas, são descartáveis, bobinhos, etc. Sácoméquié: nem deveriam estar na competição. O primeiro é sobre um leitor de quadrinhos que vira super herói por uma vez (elenco não muito bom) e o segundo, pastelão sem risadas, é sobre o passado de seu diretor, que trabalhava com mixagem de som em filmes – mais especificamente, no barulho dos sapatos, no andar das personagens.

E o engraçado é que o curta seguinte, Trecho (de MG, e meu favorito), é sobre um personagem que anda o tempo inteiro. Anda na rodovia, anda, anda, anda, e não cansa nunca. Curta tem visual legal, imagens granuladas que funcionam, e o estilo documental é eficiente porque mesmo que o personagem central não fale de um jeito que nós, ahn, entendamos tudo, dá para ficar imerso nos sentimentos dele, pelo menos quando o amor é citado. Bacana, ainda que canse um pouco (ele só anda!).

Veio, então, o longa argentino e paraguaio Detrás del Sol, más cielo, de Gastón Gularte, que, por mais narrativamente confuso que se mostre, tem um pouco de arte na sua composição. É bem bonito, tem uns enquadramentos abertos que juntos combinam com os próprios personagens quando é preciso, e fazem o conceito regionalista do filme ser, de fato, um conceito levado a sério. Elenco meio tonto, eu sei, mas ao menos não gritam na tela, querendo aparecer. Uma pena que a história seja pobre e mal desenvolvida. Difícil não ficar alienado, apenas vendo as imagens sem absorver muito do argumento, no início, principalmente. Tomara que os próximos filmes do festival sejam melhores. Por favor.

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