10 de set. de 2007

Analisando os pilotos: "Damages"

Quando você tem um bom papel nas mãos, ria, demonstre a sua felicidade.

Glenn Close está muito feliz. Muito. A principal característica na composição de sua personagem é sorrir, sem motivo algum. Ela está certa. Em Damages, sua personagem, Patty, é um daqueles papéis sedutores, inalcançáveis, certamente televisivos, e que soltam umas frases que tem mais efeito no telespectador que muita frase de efeito por aí. Sonho de ator. Eu estava pensando que Patty era a versão feminina de um personagem adorado que eu nunca consegui admirar tanto assim – o House, da série homônima. Até uma cena chave no final do piloto.

Ali, a personagem, até o momento profunda pelo que fazia, ganhou complexidade, e talvez algumas das opções de Close como atriz tenham feito até mais sentido para a minha cabeça. Tudo bem, aqueles últimos minutos são intragáveis – uns efeitos sonoros forçados, pseudo-impactantes, e pequenas cenas que servem para mostrar mortes, jogar ambigüidade (algumas também forçadas) e garantir que o telespectador vai estar na mesma poltrona e canal daqui a uma semana, o que é bulshit, porque qualquer um perceberia que aquele é um material que vale acompanhar. Ainda assim, Close pode rir à toa.

Como advogada, Patty é dura, “Houseana”. Comandando um caso que envolve muito mais dinheiro do que os beneficiários do resultado do julgamento poderiam pretender ganhar, ela é direta e não quer perder. Isso em flashback. Por trás de tudo, há sua contratada (Ellen, interpretada com as escolhas fáceis de Rose Byrne), que começa o episódio (depois de uma abertura brilhante envolvendo a campainha e os cortes de locação) sangrando e correndo na rua, depois sendo encontrada e não querendo abrir a boca, até que, após todo o desenvolvimento da trama (aonde Patty reina sozinha, magnética), na última cena, ela decide dizer uma coisa. Ela clama por alguém. Não espere que seja por Patty.

Oh, tudo é sobre Patty. Meu momento favorito do piloto pertence a ela. Durante uma reunião em que ela revela a seus clientes a proposta de acordo do acusado milionário, todos levantam a mão concordando – tudo o que Patty não queria. Perdida no meio do “rebanho” de clientes, a câmera foca Patty, que simplesmente some de vista quando todos levantam as mãos. De pé, ela sorria.

Bom piloto (visualmente ainda mais fascinante que narrativamente); grande interpretação de Close, mesmo nas frases mais forçadas.

E que sorriso!

Um comentário:

Eric Fernandes disse...

Gusta,

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Muito obrigado. :P