5 de out. de 2007

Analisando os pilotos: "K-Ville"

Pelo piloto, o telespectador não consegue descobrir muito sobre o que K-Ville (nos EUA, Fox; sem previsão de estréia por aqui) trata. Seria uma série policial? Seria uma série sobre Nova Orleans? O que ocorrerá no próximo episódio? Ficam muitas dúvidas no ar, mas, no final, trata-se de uma série policial em Nova Orleans sem uma direção fixa da narrativa. Talvez seja primeira série a pegar realmente firme na cidade, atingida pelo infeliz furacão Katrina, do qual todos nós já ouvimos falar.

E essa primeira série tem a alma da cidade, definitivamente. Há musicalidade, sotaque, enfim, há uma bela ambientação. O título é uma referência ao nome “Katrinaville”, uma coisa local, e a escolha de uma abreviação desse nome mostra, mais uma vez, o quão próximo à cidade K-Ville é.

Em contrapartida à alma que a série acha para falar sobre Nova Orleans, seus personagens e a forma como o Katrina é tratado não recebem tamanho carinho do roteiro, e isso deixa o programa menos sólido do que poderia ser.

A ação da série, por exemplo, é fraca, e, embora movimentada, não é proêmio de nada (a não ser... ver o bad guy de Zodíaco ser o chefão dos cops aqui!). Não há originalidade na ação, e o quanto mais a rapidez é forçada, mais parece estar emulando alguma coisa indefinida. Quando é dramática, K-Ville usa o personagem de Anthony Anderson, um ator dedicado, e que não deixa o drama ir muito além do necessário, como às vezes o roteiro parece propor (o diálogo com a esposa, com o colega de trabalho, etc).

O personagem de Anderson tem uma relação com seu parceiro policial Cobb (Cole Hauser) que parece guiar a narrativa, e será a chave para entender o que os próximos episódios terão. Na relação dos dois, há algo de tenso, que, eu acredito, deveria ser mantida por mais um tempo – quando há a tensão, personagens revelam muito de si, e uma resolução ao final do piloto parece-me cômodo demais, até mesmo cafona.

O saber falar sobre uma cidade muitas vezes é fácil, já que para captar aquilo que ela tem a dizer, basta visitá-la constantemente, ou ter nascido e crescido no lugar. Veja o tratamento que séries como The Wire e Gilmore Girls já deram às suas respectivas ambientações. A dedicação que K-Ville presta a uma cidade tão sofrida seria mais bem aproveitada se fosse direcionada a outros pontos, já citados no texto, porque uma cidade também é seu povo.

Um comentário:

Arthur disse...

Ainda não vi K-Ville e tbm me pergunto sobre o que a série se trata... sobre a cidade de New Orleans? A cidade suas conseqüências após o furacão? Mais uma série policial?
Pelo jeito parece que é tudo isso.

E é legal saber que eles dão atenção merecida a cidade

Bom Final de Semana...